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Acordo Brasil X EEUU beneficia S.José dos Campos e todo o parque industrial brasileiro

Brasileiros

“ESSA EMPRESA (EMBRAER) REPRESENTA A ALMA DO POVO BRASILEIRO”

                A citação acima foi feita nesta semana pelo nosso presidente, em visita à fabrica da Embraer nos EEUU, Bolsonaro também acrescentou que a empresa reflete “a capacidade de vencer do povo brasileiro”    

              Essas palavras enchem de orgulho o povo brasileiro e, sem dúvida, contribuem para elevar a nossa autoestima, tão baixa ultimamente. De fato, não temos a tradição de cultuar heróis e raramente nos orgulhamos de nossos feitos. Em geral preferimos a desgraça sensacionalista, muitas vezes reforçada pela mídia, do que focar em nosso potencial e acreditar, como disse Jorge Bem Jor: “somos um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza“.

As autoridades de Defesa do Brasil e dos Estados Unidos assinaram um acordo denominado “Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação” – RDT&E, cuja íntegra se encontra no site do Itamaraty. São ao todo 56 páginas, mas, em resumo, o documento visa, essencialmente, criar mecanismos de colaboração conjunta relativos ao desenvolvimento de tecnologias emergentes na área de defesa.

Portanto, temos a convicção de que a cooperação firmada pelo Brasil e pelos EEUU, aliada à política do governo brasileiro de exigir contrapartidas (offset) nas aquisições de produtos de defesa poderá facilitar a transferência de tecnologias em áreas críticas, imperiosas ao continuado esforço do país pela sua independência tecnológica.

          Podem ganhar mais uma vez o parque industrial brasileiro da indústria aeronáutica e de produtos de defesa, pelo acesso ampliado a um novo mercado, ao cumprirem os requisitos que preveem harmonizar e padronizar seus produtos. Em particular a empresa recém-criada Boeing Brasil-Commercial, fruto da joint venture Embraer – Boeing, bem como toda a nossa cadeira de produção de peças e equipamentos que poderá igualmente se beneficiar do acordo, durante o processo de desenvolvimento e de produção de novos aviões, produtos e sistemas.

              Neste momento, porém, temos de reconhecer, vivemos uma situação muito delicada e não podemos ignorar o desafio que a humanidade enfrenta com a desgraça do coronavirus.  A OMS reconheceu recentemente o estado de pandemia, aumentando ainda mais a tensão global. Vemos, com tristeza, completamente desertos, o Louvre, Meca, a Praça de São Pedro e tantos outros lugares importantes para a humanidade.

              Nesse quadro, diariamente somos bombardeados com a recomendação de usar máscaras, não se aproximar do outro e de lavar as mãos com sabão ou álcool gel. Mas não deveríamos viver, metaforicamente falando, o sentido oposto? Darmo-nos as mãos, cooperar, achar soluções conjuntas, como um imperativo de evolução e sobrevivência?

              Pois bem, acredito que foi com esse espírito, não no setor da saúde obviamente, mas no campo de soluções tecnológicas, e Brasil e EEUU decidiram, nesta semana, assinar um acordo conjunto de busca de cooperação no campo da pesquisa e do desenvolvimento.

              Durante os anos 80 em que tive oportunidade de contribuir pessoalmente na redação e na implementação  dos memorandos de entendimento  entre o Brasil e a Itália para permitir o desenvolvimento e a produção conjunta de um avião de ataque ar-solo de ultima geração, o AM-X. Sou testemunha das oportunidades que foram abertas às empresas brasileiras que tiveram a oportunidade de desenvolver produtos e sistemas críticos, amparados por esses  acordos de governo. Como me confidenciou um importante engenheiro responsável pela área de desenvolvimento e engenharia da Embraer, essa colaboração deu o acesso a conhecimentos necessários para o desenvolvimento de seus atuais produtos de sucesso. Talvez esse seja o melhor exemplo de cooperação entre países que ajudaram nossa indústria aeronáutica alcançar a inegável posição que ocupa hoje e cujo orgulho pôde ser expresso pelo nosso presidente.

           O INVOZ, instituição mentorada pelo Eng. Ozires Silva, que congrega pessoas e empresas comprometidas com a preservação da cultura aeronáutica, com as ações empreendedoras e com a educação de qualidade, tem acompanhado e estimula todas as iniciativas que visam o desenvolvimento integral do país. Tal é o caso do acordo RDT&E que acabamos de comentar.    

Acreditamos fundamentalmente, como nos ensina Ozires, que uma nação se faz com o trabalho duro na educação, inovação, ciência, tecnologia e mercados.  Segundo ele o brasileiro tem que sonhar grande, pensar grande, executar com excelência, avançar com rapidez, e não desistir nunca. Por fim, acreditamos que Brasil não pode hesitar de estar ao lado de vencedores.

*Manoel de Oliveira é formado pela Academia da Força Aérea, Engenheiro Civil e pós-graduado em Marketing e Finanças. Atou por mais de 30 anos na área de desenvolvimento industrial do Departamento de Ciência e Tecnologia do Comando da Aeronáutica. Serviu a FAB em missões técnicas nos EEUU e na Itália.
Na reserva assumiu o cargo de Vice-Presidente Executivo de Finanças da Embraer e coordenou o processo de privatização da companhia.
Atualmente atua como sócio-diretor das empresas FTB Tecnologia e Sygma Tecnologia.
É Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Invoz, Membro do Conselho de Administração do Instituto Semear e Membro do Conselho Consultivo do Casd Vestibulares, todos na cidade de São José dos Campos.

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