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Inglaterra X China: Como a corrida pela vacina contra Covid-19 passa pelo Brasil

Inglaterra x china Vacina

O Brasil parece ser o campo ideal para os estudos em seres humanos para testar pelo menos duas vacinas promissoras contra a covid-19, uma com origem na China e outra com origem na Inglaterra, apesar de parecer estar ocorrendo livre da politização da ciência há uma corrida na preferência entre os dois países.

O governador de São Paulo, João Doria, anunciou o início dos testes com a vacina Coronavac, desenvolvida por um laboratório chinês. Os testes com “vacina chinesa” foram autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na sexta-feira (3) a pedido do Instituto Butantan.

A “vacina de Oxford”, que ganhou este apelido no Brasil por ter sido desenvolvida por um consórcio da Universidade de Oxford, na Inglaterra, com o laboratório AstraZeneca. Caso seja aprovada, as compras das primeiras doses para a população foram garantidas pelo Governo Federal, num acordo que também prevê a transferência de tecnologia para produção da vacina no Brasil, pela Fiocruz.

Covid-19: “podemos ter mais de 1 milhão de doses de vacina”. Tudo depende de como os testes serão concluídos, diz pesquisador

Estimativas iniciais de produção de um milhão de doses da vacina experimental contra covid-19, da Universidade de Oxford da Inglaterra, até setembro podem estar subestimadas dependendo de como os testes em estágio avançado serão concluídos, disse hoje, em Londres, um pesquisador.

“Poderá haver um milhão de doses fabricadas até setembro, isso agora parece uma notável subestimativa, dada a escala do que está acontecendo”, afirmou Adrian Hill, da Universidade de Oxford, se referindo à capacidade de produção da AstraZeneca, parceira da universidade no desenvolvimento da vacina.

“Certamente haverá um milhão de doses em torno de setembro”, acrescentou.

Ele disse, ainda, que é possível as vacinas estarem disponíveis até o fim do ano.

Governo de São Paulo dá início aos testes da vacina contra o coronavírus

Doses chegaram nesta madrugada no Aeroporto de Guarulhos e começarão a ser aplicadas amanhã (21) no Hospital das Clínicas

O Governador João Doria anunciou nesta segunda-feira (20) o início dos testes da CovonaVac, vacina contra o coronavírus, no Brasil. O Instituto Butantan receberá as doses de imunizantes e placebos que serão utilizados na realização da terceira fase de ensaios clínicos para desenvolvimento da vacina, em parceria com a farmacêutica Sinovac Life Science.

A carga com 20 mil doses, proveniente da China, desembarcou durante a madrugada de hoje no Aeroporto Internacional de Guarulhos e será levada à sede do Instituto Butantan para ser verificada. Em seguida, será distribuída aos 12 centros de pesquisa responsáveis pelo recrutamento, aplicação e acompanhamento dos voluntários.

” Vamos informar à opinião pública brasileira e internacional sobre a evolução de cada resultado, respeitando os critérios éticos, científicos e contratuais da pesquisa. É um grande dia para a ciência brasileira. Um dia de esperança para milhões de brasileiros e também de habitantes de outros países onde essa vacina deverá ser também aplicada”, disse Doria.

Os testes da vacina, uma das mais avançadas do mundo, começam nesta terça-feira (21) no Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, na capital paulista. A terceira fase de testes no HC será direcionada a 890 voluntários. Os pesquisadores do hospital vão analisar os voluntários em consultas agendadas a cada duas semanas. A estimativa é concluir as primeiras análises em até 90 dias.

Os demais onze centros de pesquisa receberão as doses de modo escalonado. O estudo tem como meta a inclusão de cerca de 9 mil voluntários nesses centros. Entre os recrutados, metade receberá duas doses do imunizante num intervalo de 14 dias e a outra metade receberá duas doses de placebo, uma substância com as mesmas características, mas sem os vírus, ou seja, sem efeito.

Essas pessoas serão monitoradas pelos centros de pesquisa por meio de exames entre aqueles que tiverem sintomas compatíveis à COVID-19. Assim, poderá ser verificado posteriormente se quem tomou a vacina ficou de fato protegido em comparação a quem tomou o placebo.

Entre as unidades do estado de São Paulo responsáveis pelos testes estão o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e Hospital Israelita Albert Einstein, também na capital paulista; a Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Hospital das Clínicas da Unicamp (Campinas), Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.

As pesquisas também serão realizadas na Universidade de Brasília (UnB), Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas de Fiocruz, no Rio de Janeiro, a Universidade Federal de Minas Gerais, Hospital São Lucas da PUC do Rio Grande do Sul e Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná.

Os testes serão acompanhados por uma comissão de pesquisadores internacionais, que terão acesso à plataforma científica para observar o andamento e garantir transparência em todo o processo. Se houver sucesso, a vacina será produzida pelo Instituto Butantan a partir do início de 2021, com mais de 120 milhões de doses.

“Evidentemente que a vacina será destinada a todos os brasileiros, não apenas aqueles que são de Paulo. Isso será feito através do SUS, Sistema Único de Saúde, universal e gratuito a todos os brasileiros. O Instituto Butantan terá todo o domínio da tecnologia, é isto que prevê o acordo com o laboratório Sinovac”, completou o Governador.

Os voluntários que poderão se candidatar ao estudo são profissionais da saúde que estejam trabalhando no atendimento a pacientes com COVID-19. Além disso, o candidato não pode ter sofrido infecção provocada pelo novo coronavírus, nem ter participado de outros estudos. As mulheres não podem estar grávidas ou planejarem uma gravidez nos próximos três meses. Outra restrição é não ter doenças instáveis ou que precisem de medicações que alterem a resposta imune.

Para saber se está dentro dos critérios, o candidato pode acessar a plataforma de triagem criada pelo Butantan no portal https://www.saopaulo.sp.gov.br/coronavirus/vacina/?nocache. Nela, é possível responder a algumas perguntas e saber se tem o perfil necessário para participação dos testes.

Após esta etapa, serão informados os centros de pesquisa que devem ser procurados para, enfim, iniciarem todos os processos necessários para confirmar a participação. Cada centro ficará responsável pelas informações coletadas dos voluntários, que serão sigilosas.

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