Nomofobia: Crianças viciadas em celular, o que todo pai precisa saber!

No período de férias escolares, projeto em São José dos Campos reacende debate sobre o uso excessivo de celulares e a saúde mental de crianças, adolescentes — e também de adultos.

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Combate a nomofobia

Em pleno século XXI, onde a conexão é constante, um fenômeno silencioso avança dentro das casas, escolas e locais de trabalho: a nomofobia, o medo irracional de ficar sem o celular. Embora o termo ainda soe estranho para muitos, os seus efeitos são visíveis — e preocupantes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso excessivo de telas está diretamente ligado a distúrbios de ansiedade, insônia, problemas de concentração e até depressão, especialmente entre crianças e adolescentes. Durante o período de férias escolares, quando os jovens passam mais tempo em casa, o celular se torna uma companhia constante — e, muitas vezes, nociva.

Diante desse cenário, o vereador Senna, de São José dos Campos, propôs um projeto de lei que visa implementar políticas de combate à nomofobia no município. O foco está na conscientização, prevenção e regulação do uso de celulares e dispositivos digitais, especialmente em ambientes educacionais e profissionais. O projeto também busca promover a saúde mental, incentivar pesquisas e campanhas educativas.

“A tecnologia não é vilã. O problema é quando ela domina as nossas relações, rouba nossa atenção, nos afasta da convivência familiar e social. Precisamos ajudar crianças e adultos a usá-la com equilíbrio”, afirma Senna.

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Mas afinal, o que é nomofobia?

Nomofobia é a abreviação do termo em inglês: “no mobile phone phobia”, que significa fobia de ficar sem o celular. O termo foi criado em 2008 no Reino Unido e ganhou notoriedade ao longo da última década com a popularização dos smartphones e a dependência dos aplicativos de mensagens, redes sociais e jogos.

Entre os principais sintomas da nomofobia estão:

  • Ansiedade ao esquecer o celular em casa
  • Verificação constante de mensagens e notificações
  • Sensação de “vibração fantasma”
  • Insônia provocada pelo uso noturno de telas
  • Irritabilidade quando o aparelho está sem sinal ou sem bateria

Férias longe das telas: um desafio necessário

Em um mundo digital, propor atividades offline durante as férias escolares se tornou uma missão para os pais. Mas especialistas alertam que isso não só é possível como essencial para o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças.

“Estímulos como esportes, atividades artísticas, convivência com a natureza e até momentos de ócio são fundamentais para o amadurecimento das crianças. O excesso de telas cria um cérebro hiperestimulado e prejudica a atenção” , explica a psicóloga infantil Denise Machado, em entrevista à Folha de S.Paulo.

A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é clara: crianças de até dois anos não devem ter contato com telas.

Dos 2 aos 5 anos, no máximo 1 hora por dia, sempre com supervisão. Mas o que se vê na prática é bem diferente.

O papel da escola e dos ambientes de trabalho no combate a nomofobia

Senna contra o uso de drogas contra nomofobia

O projeto do vereador Senna também prevê ações em ambientes educacionais e locais de trabalho.

A proposta inclui a criação de:

  • Palestras educativas sobre saúde digital
  • Campanhas de conscientização sobre uso consciente de celulares
  • Regulamentações específicas para horários e ambientes sem celular
  • Capacitação de profissionais para identificar sinais de dependência
  • A ideia é transformar São José dos Campos em referência na promoção da saúde mental digital.

Exemplos de sucesso no Brasil e no mundo

Diversas iniciativas parecidas têm sido implementadas em cidades brasileiras e ao redor do mundo:

França proibiu o uso de celulares em escolas públicas para menores de 15 anos;

Coreia do Sul criou centros públicos de desintoxicação digital para jovens;

São Paulo e Curitiba já têm campanhas educativas sobre uso de telas nas escolas;

No Brasil, colégios como o Bandeirantes, em São Paulo, criaram “zonas livres de celular” durante os intervalos.

Essas políticas têm demonstrado resultados positivos: melhoria da convivência social, aumento da concentração nas aulas e redução de episódios de ansiedade.

No Estado de São Paulo, o uso de celulares nas salas de aula foi proibido por meio da Lei nº 17.734/2023, sancionada pelo governador Tarcísio de Freitas. A medida vale tanto para escolas públicas quanto particulares, e tem como objetivo garantir um ambiente mais propício ao aprendizado, reduzindo as distrações causadas pelos dispositivos eletrônicos.

A norma permite o uso pedagógico dos celulares, desde que autorizado pelo professor ou pela direção da escola, mas restringe o uso irrestrito durante as aulas, reforçando a importância da concentração e do foco nas atividades educacionais.

A lei é vista como um passo importante no combate à dependência digital entre crianças e adolescentes.

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Tecnologia com equilíbrio: o caminho do futuro

Não se trata de demonizar os celulares, mas sim de entender que seu uso precisa de limites — como qualquer ferramenta poderosa. A ideia central do projeto de Senna é preparar a cidade para um futuro mais consciente, onde o equilíbrio entre vida digital e vida real seja a regra, e não a exceção.

O Projeto de Lei nº 40/2025, que trata da criação e implementação de políticas públicas de combate à nomofobia no município de São José dos Campos, já avançou significativamente em sua tramitação.

A proposta foi aprovada com parecer favorável nas três comissões permanentes da Câmara Municipal — Justiça e Direitos Humanos, Economia e Finanças, e Saúde — e agora está apta para ser incluída na pauta de votação em plenário.

A expectativa é que o projeto seja analisado e aprovado pelos vereadores logo após o recesso parlamentar, reforçando o compromisso do Legislativo com a saúde mental e o uso consciente da tecnologia na cidade.

“Estamos falando de saúde pública. A dependência digital já é reconhecida como transtorno pela OMS. Precisamos agir agora, antes que isso se torne um problema ainda maior”

Vereador Senna (PL)