FURP- Fundação para o Remédio Popular não recebe investimentos do governo de SP e produz graças a doações

Em plena pandemia de Covid-19, deputados do PDO apuram que laboratório do estado não recebeu nenhum investimento do governo para produzir medicamentos

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FURP PDO
Deputados do PDO, Sargento Neri, Márcio Nakashima, Leticia Aguiar, Coronel Telhada

Os deputados que compõem o PDO (Parlamentares em Defesa do Orçamento) estiveram, na tarde desta quarta-feira, 20, na Furp Guarulhos para conhecer as instalações e a real capacidade produtiva do laboratório, sobretudo em relação aos medicamentos e produtos que atendam à demanda do governo SP durante a pandemia da Covid-19. A estatal terá 15 dias para encaminhar todas as informações.

Em reunião com executivos da Furp, o grupo apurou que há mais de 20 anos o governo do estado não faz nenhum tipo de investimento em maquinários, recursos humanos e pesquisas. Mesmo em condições adversas, a Furp segue desenvolvendo estudos de viabilidade e produzindo medicamentos como antibióticos, analgésicos, antitérmicos, entre outros.

Para suprir uma demanda importante nas unidades de saúde, a Furp recuperou um maquinário parado há 6 anos e, mediante doações de matéria-prima de empresas do agro foi possível começar a produção do álcool em gel.

Mesmo com toda a dificuldade, produzem 25 mil litros de álcool gel por dia e só está produzindo por ter recebido doações da matéria prima, sendo que o governo não fez investimento, demostrando total descaso e ignorando a capacidade de produção da FURP.

A deputada Leticia Aguiar (foto) destacou a importância da necessidade do investimento do governo de São Paulo na Furp: “Após a visita às instalações, o sentimento que nós temos é: como a Furp pode ser mais útil, porque de fato ela está subutilizada. Tem profissionais de alto nível que podem produzir mais, e estão ociosos. Um laboratório que deveria estar produzindo para toda a população e até fornecendo para o Ministério da Saúde, não recebe investimentos, aqui produzem desde dipirona até medicamento contra a AIDS, as possibilidades são imensas. Precisamos que os recursos do governo do estado cheguem e sejam aplicados de forma correta”, declarou a parlamentar

A estatal, que tem capacidade para fabricar cerca de 2 bilhões de medicamentos por ano, vive hoje à sombra do descaso do governo do estado de São Paulo. Enquanto, contratos milionários foram firmados com empresas privadas à luz do decreto de calamidade pública, a Furp não recebeu nenhum tipo de investimento emergencial nesta pandemia.

Alvo de uma malfadada CPI na Assembleia Legislativa no ano passado e um projeto do governo que tentou em vão extingui-la, a Furp segue na mira de grandes empresas farmacêuticas com interesse no parque fabril com 40 mil metros quadrados de área construída.

Na semana passada, o PDO já havia ingressado com uma ação popular na justiça para que sejam revistos os contratos de mais de R$ 400 milhões assinados pelo governo e que seja direcionada à Furp a aquisição de todos os medicamentos e insumos que ela tenha capacidade de produzir.

Após a visita técnica, o grupo concluiu que um investimento de R$ 20 milhões do governo SP – pouco mais do que contrato de R$ 14,1 milhões que seriam gastos com a falsa empresa de aventais – seriam suficientes para a fábrica retomar plenamente a produção e cumprir sua finalidade social de atender, com qualidade, às demandas da população de baixa renda.

O PDO tem o objetivo de fiscalizar a correta aplicação dos recursos públicos durante a pandemia da Covid19. É formado pelos deputados Sargento Neri, Márcio Nakashima, Coronel Telhada, Adriana Borgo, Leticia Aguiar, Ed Thomas, Coronel Nishikawa, Conte Lopes e Tenente Coimbra.