A Força Aérea Brasileira – FAB realizou o lançamento do primeiro ensaio do demonstrador brasileiro da tecnologia Hipersônica Aspirada, o foguete e o motor 14-x foram produzidos em São José dos Campos.
Esse foi o primeiro teste de voo do motor aeronáutico hipersônico 14-X, desenvolvido pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv), para o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
O Veículo Acelerador Hipersônico (VAH) lançado, baseado no foguete de sondagem VSB-30, o 32º da série, construído pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), foi equipado com o motor do IEAv, denominado 14-XS.
Ambos desenvolvidos e produzidos pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv), organização militar de natureza técnico-científica pertencente ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), com sede em São José dos Campos (SP), e que mantém pesquisas ativas na área de tecnologias hipersônicas aspiradas.
O projeto de Propulsão Hipersônica 14-X (PropHiper), desenvolvido pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv) desde 2008, visa capacitar o Brasil na área estratégica e prioritária da hipersônica por meio da operação em voo de um sistema com propulsão hipersônica aspirada (tecnologia Scramjet).
VAH 14-X S Projeto Propulsão Hipersônica 14-X
— Força Aérea Brasileira 🇧🇷 (@fab_oficial) December 15, 2021
Hoje (14/12), a FAB realizou a decolagem do primeiro ensaio do demonstrador brasileiro da tecnologia Hipersônica Aspirada. Parabéns aos profissionais do DCTA que participaram do projeto. 🇧🇷🚀@DefesaGovBr
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INDÚSTRIA AEROESPACIAL
O Brasil na era da Propulsão Hipersônica: Projeto 14-X
Desde meados da década de 1990, a Força Aérea Brasileira mantém pesquisas ativas na área de tecnologias hipersônicas aspiradas produzida em São José dos Campos

equipe de técnicos e pesquisadores do IEAv
Em 1906, Alberto Santos-Dumont encantou o mundo com o voo da primeira aeronave com propulsão ativa. Era o início de uma era em que motores se juntaram às superfícies aerodinâmicas, universalmente simbolizadas pelas asas, para moldar o voo na atmosfera tal como conhecemos hoje.
Ao longo de mais de um século de aviação, à medida que desafios surgiam, maior era a engenhosidade de cientistas e engenheiros. Foi assim que, dos pioneiros dispositivos a pistão (de combustão interna) aos modernos jatos (ou motores a reação), passando pelos recentes avanços dos motores elétricos, o sonho de todo aviador – ir mais rápido, mais longe e mais alto – foi sendo atendido pelo desenvolvimento de novos motores.

Mesmo para as mais incríveis máquinas, no entanto, a natureza sempre foi implacável com seus limites. Ir mais rápido significava transpor a barreira do arrasto; mais alto, o limite do oxigênio, essencial para a queima dos combustíveis; mais longe, o desafio de aeronaves mais leves.
O que parecia ser o fim da linha, contudo, tornou-se um novo ponto de partida com o surgimento, a partir do pós-guerra, da Hipersônica Aspirada, área do conhecimento responsável pelo desenvolvimento de motores e aeronaves capazes de operar em velocidades acima de Mach 5 (mais rápido), além do limite de 10 km de altitude (mais alto) e com o aproveitamento do oxigênio atmosférico, sem necessidade de embarcá-lo (mais longe). E, a exemplo de Santos-Dumont, uma vez mais o Brasil é um dos protagonistas dessa história, cujo enredo pode ser acompanhado, diariamente, nas páginas e sites da mídia nacional e internacional.

Desde meados da década de 1990, a Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), organização militar de natureza técnico-científica pertencente ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), com sede em São José dos Campos (SP), mantém pesquisas ativas na área de tecnologias hipersônicas aspiradas.
Em 2008, como maneira de coordenar e consolidar os esforços, foi criado o Projeto de Propulsão Hipersônica 14-X, PropHiper, cuja missão consiste em desenvolver uma plataforma de demonstração de duas tecnologias críticas para o domínio da Hipersônica Aspirada: o motor do tipo scramjet e a superfície aerodinâmica waverider. Como resultado, o veículo integrado scramjet-waverider será capaz de atingir dez vezes a velocidade do som, cerca de 12 mil quilômetros por hora, a 30 quilômetros de altitude, posicionando o Brasil ao lado de nações como Estados Unidos, Japão, Austrália, Rússia, França e China, que igualmente dispõem de pesquisas e desenvolvimentos na área.
Para atingir seu objetivo, o Projeto PropHiper foi dividido em quatro grandes etapas, que correspondem aos ensaios em voo dos principais subsistemas do veículo integrado, denominado 14-X W.
Em cada ensaio, a gerência do Projeto estabeleceu a utilização de Demonstradores de Tecnologia, artefatos construídos especificamente para a demonstração do funcionamento dos subsistemas durante o voo hipersônico.
A primeira entrega corresponde à realização da Operação Cruzeiro, em que a plataforma de demonstração do motor hipersônico aspirado, batizada de 14-X S, será levada até sua condição de partida, a cerca de 7.500 km/h na estratosfera terrestre, por um Veículo Acelerador Hipersônico (VAH), baseado no foguete de sondagem VSB-30, o 32º da série, construído pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).
A construção do 14-X S se deu pela contratação da Orbital Engenharia, empresa nacional com vasta experiência em projetos do setor aeroespacial, ao passo que suas inspeções e ensaios de qualificação e de aceitação para o ensaio em voo foram conduzidos por meio de parcerias com o IAE, e com o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI).

Completando o esforço conjunto em prol da Operação Cruzeiro, o 14-X S foi lançado a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) que, além de dispor de infraestrutura única para lançamento e rastreamento, apresenta naturalmente uma localização privilegiada, capaz de oferecer um vasto “corredor de voo”, sobre o Oceano Atlântico. Ainda em apoio à Operação, o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) será utilizado como uma estação remota para rastreio redundante da trajetória.
Assim, a Operação Cruzeiro fecha um ciclo de pouco mais de uma década de esforços sistemáticos no estabelecimento das bases para o desenvolvimento de tecnologias hipersônicas, ao mesmo tempo em que dá início a um novo ciclo inédito da hipersônica aspirada em solo nacional.
São José Capital da Indústria Aeroespacial
Se existe um lugar onde a indústria genuinamente brasileira desenvolve tecnologia, produz, gera emprego e renda, e merece ser chamada de capital do avião, este lugar é São José dos Campos (SP). Maior cidade da Região Metropolitana do Vale do Paraíba no interior paulista, São José cresce junto com a sua principal empresa, a Embraer, de aeronáutica e defesa.
São José dos Campos responde por 95% da cadeia produtiva da indústria aeroespacial e de defesa no Brasil. Essa realidade mostra que dificilmente a cidade perderá espaço para outra localidade nesse segmento.
“Vamos formalizar uma realidade! São José, para nós, já é o centro tecnológico do país e merece, por direito, ser a Capital Estadual da Indústria Aeroespacial ”, disse a deputada Leticia Aguiar (PSL) ao apresentar o projeto de lei que garante essa nomenclatura ao município e abre os trabalhos para ações de valorização do “cluster” aeroespacial brasileiro – uma centena de empresas associadas, de diversos segmentos das cadeias aeronáutica, espacial e de defesa, que representam um faturamento anual médio de US$ 7 bilhões e empregam 19 mil profissionais.
Fotos: DCTA / IEAv
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