Produção nacional de automóveis tem queda de 21,8% em março

Em São José dos Campos GM propõe suspensão de contratos e redução do salário de 90% dos funcionários de forma temporária

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Automóveis
Movimentação de automóveis na rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou hoje (6) que a produção nacional de automóveis em março teve queda de 21,1%, em relação a março de 2019. Já o nível de licenciamentos caiu 21,8% no período. De acordo com a entidade, os resultados foram consequência da pandemia da covid-19, que provocou a queda de quase 90% das atividades do segmento.

Ao todo, foram fabricadas 189.958 unidades, ante 240.763 de março de 2019. A diferença de fevereiro para março foi de 7%, enquanto a variação no acumulado de janeiro a março foi de 16%. Como a produção, o volume de unidades exportadas também foi reduzido, em 21,1%, na comparação com março de 2019, passando de 39.018 unidades para 30.772.

Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, “pode-se identificar com clareza a influência da pandemia nos índices, já que se registrava um aumento de 9% nas vendas até o começo da segunda quinzena, no acumulado do ano”. Para Moares, as circunstâncias levam a acreditar que o cenário para abril será preocupante.

“Tivemos dois momentos no mês de março. A primeira quinzena rodando normal, dentro do que a gente imaginava que seria possível vender e emplacar, e uma segunda quinzena, muito impactada pelo efeito da crise”, disse.

Moraes ressaltou que houve uma redução de 86,5% na média diária de licenciamentos, da primeira semana de março para a última. “Isso confirma a preocupação em relação ao atual momento que nós estamos passando”.

GENERAL MOTORS propõe Lay Off para manter empregos

Em nota, a GM informou que ‘vem tomando medidas que visam proteger a saúde dos colaboradores em meio à pandemia de Covid-19, ao mesmo tempo em que busca alternativas para garantir o futuro do negócio e que neste sentido, foram implementadas medidas como banco de horas, férias coletivas, planos de redução de custos e, inclusive, adiamento de investimentos’.

Entretanto, a montadora de automóveis afirmou que ‘neste momento de crise sem precedentes que o Brasil e o mundo enfrentam e, num esforço para manter os empregos, a empresa está discutindo com os sindicatos outras medidas, que incluem lay-off e redução de jornada, ambas com impacto de redução salarial’.

A GM disse ainda que o pacote foi aprovado pela ampla maioria dos empregados das fábricas de automóveis em São Caetano do Sul, Gravataí, Joinville e Mogi das Cruzes, e do Campo de Provas de Indaiatuba em assembleia digital promovida pelos sindicatos dos metalúrgicos e que a proposta inclui:

  • Um programa de redução de jornada e salário para empregados que seguem trabalhando em home office, inclusive o Presidente e toda a liderança em diferentes percentuais;
  • Para empregados até nível de gerência: uma hora de redução na jornada diária com 12,5% de redução no salário;
  • Para executivos de nível de diretoria e acima, o impacto será de 25% de redução no salário.
  • Um programa de lay-off que impacta a maior parte dos empregados horistas e mensalistas de todas as área e níveis do Brasil com redução salarial entre 5% e 25% do salário de acordo com faixa salarial.

A GM informou que estas medidas terão duração inicial de dois meses com possibilidade de extensão, podendo ser canceladas em caso de retorno da demanda do mercado a uma situação de normalidade e que a montadora está avaliando junto aos sindicatos as oportunidades estabelecidas pela MP 936, com o objetivo de adaptar as medidas aprovadas às novas regras apresentadas pelo governo.

Na nota a GM ainda ressaltou que essas medidas são emergenciais e temporárias, tendo como objetivo a preservação dos empregos, contribuindo com os esforços do governo federal e governos estaduais e municipais. Além disso, a empresa disse estar acompanhando a evolução do cenário e que estará pronta para retomar as atividades assim que for possível.

Caminhões

Moraes destacou ainda que, ao contrário dos automóveis, as vendas de caminhões apresentaram pouca oscilação quanto a fevereiro deste ano. Em março, manteve-se o mesmo desempenho, de cerca de 6,4 mil unidades emplacadas. Uma das saídas para esse tipo de negociação, explicou o presidente da associação, tem sido o contato direto entre montadoras e clientes.

Quanto às máquinas agrícolas e rodoviárias, observa-se um aumento de 46% na comercialização ante fevereiro, e de 10,3% em relação aos números de março de 2019. No total, foram vendidas 4.140 unidades.

Apesar da apreensão manifestada, o presidente da Anfavea salientou que a perspectiva para o segmento deverá repetir um padrão já vivenciado por países em que a pandemia chegou antes, como China, Itália, França e Espanha. Para fundamentar o argumento, utilizou como referência a variação nos licenciamentos de automóveis nesse locais, que foi, respectivamente, de menos 80%, 85%, 72% e 69%, respectivamente.

De forma geral, disse Moraes, a decisão da entidade é de aguardar a avaliação de especialistas sobre o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) para poder consolidar a projeção para a indústria automobilística brasileira.

Ainda de acordo com o relatório da Anfavea, com as medidas de distanciamento social, 63 fábricas do setor interromperam as atividades ao longo das últimas duas semanas, afetando 123 mil funcionários. A paralisação abrange 10 estados e 40 municípios.

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