quinta-feira, outubro 10, 2024
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Saúde de SP conscientiza sobre riscos do tabagismo e oferece tratamento gratuito

Nos últimos 14 meses, estado registrou mais de 25 mil procedimentos ambulatoriais por câncer de pulmão, relacionado ao fumo

No Dia Mundial Sem Tabaco, lembrado em 31 de Maio, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) conscientiza a população sobre os malefícios e as doenças evitáveis relacionadas ao tabagismo, como o câncer de pulmão, em que 85% dos casos diagnosticados tem como principal fator o cigarro, de acordo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O tabagismo é ainda a principal causa de mortes evitáveis no mundo.

Somente no estado de São Paulo, no período de janeiro de 2023 a março de 2024, foram registrados 25.072 procedimentos clínicos ambulatoriais por câncer de pulmão e 28.591 por câncer de boca, umas das doenças relacionadas ao tabagismo, juntamente com os cânceres de lábio, faringe e esôfago.

Completando 15 anos no mês de maio, a Lei Antifumo paulista foi uma das medidas criadas pelo Estado que consistiu na proibição do consumo de cigarro, charutos e demais dispositivos fumígenos em ambientes total ou parcialmente fechados, de uso público ou privado. A ação visa preservar não fumantes e reduzir o risco de doenças provocadas pela exposição à fumaça do tabaco.

Considerada a terceira maior causa de morte evitável em todo o planeta, o tabagismo passivo apresenta inúmeros riscos que vão desde irritação nos olhos, tosse, aumento das manifestações alérgicas, cefaléia, até doenças respiratórias. “A exposição aos componentes tóxicos e cancerígenos presentes na queima do tabaco contribui para processos inflamatórios pulmonares e sistêmicos, além do aumento do risco de doenças cardiovasculares e respiratórias para quem está em volta”, explica Sandra Silva Marques, coordenadora do Programa Estadual do Controle do Tabagismo da SES.

“Além disso, a nicotina presente no cigarro está relacionada ao desenvolvimento e agravamento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Entre os pacientes tabagistas que procuram o programa estadual de controle do tabagismo, 39,13% apresentam transtornos depressivos e 49,52% têm transtornos de ansiedade”, complementa Sandra.

Bebês e crianças são ainda mais vulneráveis ao tabagismo passivo, visto que, o desenvolvimento incompleto do aparelho respiratório, o volume dos compostos tóxicos inalados e o peso da criança trazem maior risco. “Estudos relatam que, em bebês, há cinco vezes mais chances de morte súbita sem causa aparente e para crianças, há o risco aumentado de resfriados, pneumonia, bronquite e asma”, explica a coordenadora.

Em levantamento do Programa de Controle de Tabagismo, a SES apontou que dentre os 57.730 participantes do serviço, entre os anos de 2022 e 2023, 26,58% haviam desenvolvido asma, 20,59% Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), 17,58% bronquite crônica, 10,61% infecções respiratórias e 3,14% tuberculose.

Cigarro eletrônico

Os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) incluem os chamados cigarros eletrônicos e os produtos de tabaco aquecido. Apresentados em diferentes formatos e sistemas de uso, o dispositivo também apresenta nicotina na composição e a sua comercialização, importação e publicidade são proibidas no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que atualizou e ampliou através da RDC 855 de 19 de abril de 2024 a fiscalização e a comunicação e educação em saúde sobre estes dispositivos.

Devido ao design exótico e a ampla divulgação desses produtos, o público jovem é atraído facilmente e revela ser a maior parte dos usuários. Dados da Pesquisa Nacional da Saúde (PNS) de 2019 mostraram que aproximadamente 1 milhão de pessoas no país faziam uso do dispositivo, sendo que 70% tinham idade entre 15 e 24 anos.

Um mito que vem sendo disseminado fortemente acerca da utilização desse produto é de que o aparelho seria menos prejudicial que o cigarro tradicional, entretanto, evidências coletadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) comprovam riscos tão grandes quanto. Dentre eles, a forte dependência, emissões tóxicas similares aos cigarros convencionais e maior probabilidade do desenvolvimento de doenças pulmonares, cardiovasculares e câncer.

Política Estadual de Controle do Tabaco de SP

Em janeiro deste ano, a SES publicou a Resolução SS-9, instituindo a Política Estadual de Controle do Tabaco, com o objetivo de fortalecer as ações de prevenção e tratamento do tabagismo e/ou nicotinismo no estado por meio da capacitação dos profissionais de saúde, ampliação do acesso ao tratamento para cessação do tabagismo no SUS, campanhas educativas e de conscientização da população, fiscalização do cumprimento da lei antifumo e monitoramento dos indicadores relacionados ao tabagismo.

A política também prevê a articulação intersetorial com outras áreas do governo e da sociedade civil para o enfrentamento do tabagismo de forma integral e sustentável.

Tratamento pelo SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito na Atenção Primária e em Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Adultos (Caps AD) para quem deseja parar de fumar. Para ter acesso, é necessário levar um documento com identidade a uma UBS e se inscrever no Programa Cessação de Tabagismo.

O atendimento inclui desde avaliação clínica com os profissionais de saúde até terapia medicamentosa, quando necessário. Nos encontros semanais, são avaliados pontos como; o que leva o usuário a fumar, o nível de dependência da nicotina e a eventual existência de comorbidades. O paciente também é constantemente conscientizado sobre os riscos do consumo do cigarro, os benefícios ao parar com o hábito e como prevenir recaídas.

O programa é promovido pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), e coordenado pela SES. Na rede municipal de saúde, o atendimento é feito regularmente e está preparado para realizar o acolhimento e o acompanhamento da cessação do tabagismo. A lista de unidades credenciadas está disponível no link: https://saude.sp.gov.br/pect-politica-estadual-de-controle-do-tabaco/tratamento/locais-para-tratamento-de-tabagismo

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